Fado de sombras

às vezes levo as duas mãos ao peito
uma sobre a outra em forma de ave
a minha mãe está longe e eu desfeito
meu coração sem querer fechado à chave

amei quem não podia e não retive
ressentimento ou desamor – só queria
ser como uma esperança que só vive
quando a morte seu terço já desfia

nem odor de perfume nem de brisa
só a lembrança vaga de uma pele
que me acompanha morna e imprecisa

devo esquecer o mal que já foi feito
é só a amar que a tua voz me impele
a amar com o que trago no meu peito

Diga lá